quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Escrito nas Estrelas


Perdi meu pai muito cedo, tinha uns cinco anos de idade, e mamãe nunca mais se casou. Trabalhou muito e a pensão de papai ela guardava e dizia que era para pagar meus estudos, pois tínhamos uma vida estável.
Aos dez anos eu já sabia o que queria ser quando crescesse, designer de moda. Fascinava-me abrir uma revista e ver as modelos em seus vestidos. E assim fui crescendo. Aos quinze anos era uma moça muito bonita e cobiçada. Quando saía, nunca pagava nada, os meninos faziam questão de pagar. Não ficava um final de semana em casa, o telefone tocava e era alguém convidando para a balada.
Aos dezoito anos prestei o vestibular para a universidade pública, passei, iria fazer o meu tão sonhado curso de moda. Na época vivia namorando, mas nunca parava com ninguém, só pensava em me formar.
Meu círculo de amigos era repleto de homens e mulheres com certas peculiaridades e esquisitice da moda. Então me restava arrumar namorado nas noites de balada. E na maioria das vezes, as noites me reservavam os cafajestes, aqueles que não querem compromisso sério, mas como eu também não queria, era só curtição.
E nisso, cheguei aos vinte e cinco anos. Com muitas conquistas, mas nenhum homem especial.
Mamãe continuava me achando sua princesinha e quando propus a ela usar o dinheiro que era para pagar meus estudos para comprar um apartamento e ir morar sozinha, ela deu seu aval. Comprei um apartamento com três quartos, e não sei porque, imaginava meu futuro, casada e com filhos. Mas minha solteirice incomodava os homens, alguns se aproximavam e chegavam a prometer mundos e fundos dizendo que eu não deveria estar sozinha. Despreocupadamente eu dizia: Quer curtir? Tudo bem! Senão cai fora. Ser solteira não me incomodava. Eu era feliz.
Mas quando completei vinte e oito anos, meus amigos prepararam-me uma festinha surpresa. Quando cheguei ao atelier, dei de cara com ele todo decorado, tinha bolo, espumante, música e o “destino”. Cumprimentei a todos, e nesse momento uma amiga, a Carol veio ao meu encontro e disse: - Yasmim, esse é o Cadu, meu irmão. Quando olhei para ele, meu coração pulou e ao apertar sua mão, gelei. Era como se toda energia do mundo tivesse se manifestado em mim, quase desmaiei. Carol disse que seu irmão havia acabado de retornar do exterior, onde estava fazendo pós-graduação em eletrônica, mas agora estava de volta para trabalhar numa multinacional.
Naquele momento vi que estava perdida e totalmente apaixonada. Não imaginava que quando isso acontecesse, fosse tão fulminante. Cadu tinha 35 anos e havia sido casado por três anos, não tinha dado certo. Foi assim que Carol simplificou o assunto. Nesse momento, colocaram uma música e Cadu convidou-me para dançar. Aceite. Ele me abraçou bem apertado, até me sufocando, estranhei. De repente encostou os lábios em meu ouvido e sussurrou: - Você estava me esperando! Não entendi e perguntei: - Como? Ele sorriu e foi o sorriso mais encantador que vi em toda minha vida. Ele disse: - Há três anos, vi uma foto sua, e minha irmã Carol me contou quem você era. Daquele dia em diante, disse a mim mesmo: “Ela vai ser minha.”
Fui viajar, me especializar e voltei para casar com você. Quero te dar uma vida de rainha e ter um príncipe e uma princesinha. (sorriu). Olhei para ele incrédula e perguntei: E se eu tivesse me apaixonado por outro? Ele sorriu e disse: - Isso não iria acontecer, porque nossa história estava escrita nas estrelas. Sorri. Ele sabia que eu havia me apaixonado à primeira vista.
Hoje sou casada com Cadu, tenho um casal de filhos, gêmeos. O menino com o sorriso dele e a menina com o meu olhar. Ah! E a Carol é madrinha dos dois.
E aquele apartamento, que no passado imaginei ser casada e com filhos; não deixei Cadu comprar outro, pois seria ali que iria reinar minha felicidade.
E assim como ele disse! Nosso amor realmente estava escrito nas estrelas.
E minha solteirice não incomoda mais ninguém.

Por Lucélia Lima

Um comentário:

  1. Exelente conto, digno de um filme.Parabéns pelo relato e parabéns a você, Lucélia por ter divulgado.

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