quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

48- Falta de inspiração


Estou com bloqueio em minha mente
A criatividade está me abandonando
Sinto o tempo se esvaindo deprimente
E a poesia fugindo ao meu comando

Meus poemas não sentem minha emoção
Até as palavras me deixam indiferente
Esqueci o mundo, vivo minha alienação
E sem novos ensinamentos fico doente

Mas tão certo quanto à morte, vou mudar
Não quero ficar cega em relação à poesia
Nem imune a realidade e viver na utopia

Quero ter prazer para escrever e sonhar
Não sentir medo nem peso na consciência
Fluir inspiração sem demonstrar carência

Por Lucélia Lima
Em 04/06/09

47- A magia do circo


Na vida tudo parece tão mágico
Pintar nuvens em preto e branco
Desenhar um arco-íris cósmico
Viver lembranças de saltimbanco

Ir ao circo para rir da palhaçada
Faltar respiração com o trapezista
Tomar cuidado com arquibancada
Ficar admirada com o malabarista

Sentir o cheiro da pipoca salgada
Olhando a bagunça da macacada
Assustar com o leão e o domador

E o coração disparar com o saltador
Arrepiar com o som dos tambores
Sair do circo com a alma em flores

Lucélia Lima
28/05/09

46- Pensamentos verdejantes


Essa chuva que teima cair
Molhando a terra ressecada
Deixando a pele molhada
Fazendo o pensamento florir

Flutuando vem como nuvem
Atravessando verdes colinas
Distantes campos e neblinas
São campos verdes tão além

Dos pensamentos misturados
Ao orvalho gélido da chuva
Com sabor da suculenta uva

Aquece a alma dos pecados
Sufocando idéias eminentes
Matando as novas sementes

Por Lucélia Lima
27/05/09

"Respirando Poesia"


"Respirando Poesia"
Aqui é onde eu respiro a poesia...

{CRIANDO}

A - Sou o cão chupando manga
B - E a careta mais feia
B - Sou o cocô da baleia
A - Que já te sujou a tanga
A - Sou um cara que se zanga

C - Contudo que é brucutu
C - Sou pequeno lá no Itu
D - Mas grande lá no Planalto
D - Onde o meu roubo é bem alto
C - MAS SOU MELHOR DO QUE TU.


Sou o vento da tempestade
A lembrança que te machuca
Sou suas dores na nuca
O gélido olhar da vaidade
Sou a sombra da maldade

Sem véu e nenhum tabu
Sou a morte de um jacu
O Choro do descrente
E como nuvem de rancor
Vou distribuindo o temor
Mas sou melhor do que tu

Por Lucélia Lima
15/05/09

Pecadora

Pecadora

Convidaram-me para eu ir a um determinado local, pensei,

pensei e pensei, ai respondi:

Pecadora não pisa em solo sagrado.

A pessoa arregalou os olhos e disse: Ué? Mas lá não é igreja!

Respondi: Eu sei, mas quem vê, acredita que lá só mora santa.

Por Lucélia Lima
Em 09/03/09

Apenas mulher

Mulher que tem ginga
Que passa e balança
As estruturas da terra
Com sua bela dança

Mulher de coração puro
Transparente como ser cristalino
Mulher que desenha sua vida
Como quem desenha seu figurino

Mulher que luta e batalha
Não lhe faltando coragem
Nem tempo tem para se arrumar
Mas no espelho admira sua imagem

Mulher que suporta as dores
Que esconde os próprios males
Faz da saudade uma necessidade
Mesmo que precise mudar de ares

Mulher de todas as raças
Mulher de todos os credos
Mulher que prevê o futuro
Mulher que guarda segredos

Mulher apenas! Mulher!

Por Lucélia Lima
Em 06/03/09

Duas lágrimas num vidrinho

Duas lágrimas num vidrinho

Há muito tempo atrás, uma mãe deu à luz ao seu filho. No mesmo dia, o médico informou que ela não poderia mais engravidar. Ela chorou muito, pois tinha uma família cheia de irmãos e irmãs e pretendia ter uma família muito grande. Nos primeiros dias ela ficou muito triste, mas começou a perceber que seu filho “chorava muito mais quando ela estava triste”, parecia até que ele entendia a tristeza da mãe e na maioria das vezes ela não sabia o que ele tinha. Então, resolveu fazer um diário contando a vida do seu filhinho, quando ele ria, ela escrevia hoje dia 10/01/90 ele deu seu primeiro sorriso, e contava o motivo, mas quando ele chorava além de contar o motivo também recolhia duas lágrimas e colocava num vidrinho. Com o passar dos dias, iam-se enchendo muitos vidrinhos. E ela ia escrevendo seu diário. Mas com o passar dos anos, os vidrinhos iam diminuindo e os diários iam aumentando.
Com 10 anos, ele não queria ir à escola, com 12 anos ele já fumava, com 15 anos já havia sido recolhido pelo reformatório, e aos 18 anos, estava preso pelos inúmeros delitos. Ele parou de chorar, mas aos 10 anos começou o choro de sua mãe.
O choro de sua mãe já dava para encher um oceano aos 18 anos. Ela esqueceu que ao escrever todos os momentos de seu filho, deveria também ter ensinado como era a vida. Deveria ter mostrado a ele todos os vidrinhos que continham suas lágrimas. E mostrado os motivos, e como ela sofria ou ficava feliz com tudo o que ele fazia. Ela esqueceu de contar como ele foi bem-vindo, que as lágrimas podem encher vidros e oceanos, mas jamais podem substituir a atenção e o amor que ela sentia por ele. Ela esqueceu o principal; de demonstrar o amor que sentia por ele, tão preocupada que estava em recolher suas lágrimas e escrever seu diário, que se esqueceu que “lá atrás” seu filhinho chorava quando ela estava triste. E hoje, é ela que recolhe suas próprias lágrimas num oceano de sofrimento.

Por Lucélia Lima
Em 03/03/09

Nota do autor: Inspirada numa historia que mamãe contou.